A FORÇA DE UM CAPRICHO DO TEMPO E DO DESTINO... ( *)




Há vinte anos, em 12 de janeiro de 1994, fui agraciado com a aprovação em concurso de Juiz do Trabalho do Tribunal Regional desta unidade federada.

Empossado no dia 25 daquele mês, vim a ser designado juntamente com outro colega então também recém empossado, o magistrado Zéu Palmeira Sobrinho, para o exercício da judicatura nesta cidade.

Na manhã do dia 31 aqui chegamos e não conhecendo nada nesta cidade, nos hospedamos logo na praça do mercado, no hotel ”Scalla”.

Para mim, Mossoró não se tratava de uma terra desconhecida, pois, antes mesmo de balbuciar as primeiras palavras, ouvia de papai e mamãe que se tratava de uma cidade próspera, produtora de quase sal do pais, onde nasceu o vizinho da rua Samuel de Farias, no bairro da Casa Forte, na cidade do Recife,  e estimado amigo, seu Antonio da Costa Gomes, Mossoroense da gema, detentor uma grande casa de comércio nesta cidade e em Natal, conhecida por A. C. GOMES.

Por gostar de acompanhar a política, meus pais como meus avós paterno e materno sempre falavam da tragédia sem par representada pelo acidente de avião que vitimou o então governador Dix-Sept Rosado Maia e seu secretariado, ocorrida em Sergipe, lá nos idos de 1951. Coisas de minha memória !...

Ao aqui chegar (janeiro de 1994), Mossoró detinha apenas duas varas, as duas mais trabalhosas do estado, já que a cada ano ingressavam em torno de três mil ações, em cada uma das unidades judiciárias.

Tempos bons, o da chegada à Mossoró (RN), em um batismo de fogo que embora fosse penoso, mostrava-se gratificante pelo tão sonhado exercício da judicatura.

Aqui permaneci continuamente por cinco meses e meio e durante todo ano de 1994, auxiliando o colega Edwar Abreu Gonçalves,  e até o final do mês de janeiro de 1995, praticamente todo dia de sexta-feira aqui comparecia, para realizar as audiências de suspeições dos então juízes titulares das duas varas, Edvar (1ª VT) e Ricardo Luís Espíndola Borges (2ª VT).

Por uns seis anos não mais vim a esta calorosa terra, retornando por cerca de três semanas em meados de agosto a setembro do ano de 2000.

Depois, em janeiro à fevereiro de 2001, por um mês e meio laborei perante a 2ª Vara de Mossoró (RN).

Finalmente, em 27 de março de 2001, foi exarada a minha nomeação para a titularidade da 2ª Vara desta cidade, sendo empossado na presidência do Tribunal em Natal, no final da tarde do dia 28 e já na manhã do dia 29  (quinta-feira) cheguei em Mossoró, logo cedo, através de avião.

Na segunda-feira, dia 02, deu-se o primeiro dia de audiências. 

O tempo foi se passando, e em meados de 2008 surgiu a vacância da Vara de Caicó (RN), da qual declinei de pedir remoção, pois se encontrava em curso o acordo da MAÍSA, na fase ainda de venda de bens para pagamento de parte da dívida dos empregados daquela empresa.

Não poderia ser diferente, pois como um capitão de navio, o mesmo não desembarca da nau até que o último dos passageiros e tripulantes  tenham sido salvos.

O tempo foi se passando e hoje por uma incrível coincidência é dia 31 de janeiro de 2014 (um dia de sexta-feira) ou seja, vinte anos depois do primeiro dia em que comecei a trabalhar como juiz (dia 31 de janeiro de 1994 – segunda-feira), , dos quais catorze dedicados a esta cidade e região.

Foram anos de trabalho árduo e até estressante, mas gratificante por resultados que restabelece a harmonia e paz social, além de distribuir justiça.

Confesso que irei sentir saudades do convívio diário, o eterno bom humor de Marcos Artur e Melo Neto, das brigas entre alguns patronos, que como sempre dizia brincado – “É amor demais! “,  das audiências demoradas mas, esclarecedoras do direito, da descoberta a cada dia dos novos talentos que despontam na advocacia desta terra.

Afasto-me do edificante labor do dia a dia, para puder melhor conviver com minha mulher, meus filhos e a última grande dádiva de Deus - o meu primeiro neto, bicho macho cheio de moral para o avó e credor de todo amor do mundo.

Assim, deixo o dia a dia de Mossoró, levando a experiência da verdadeira economia do Rio Grande do Norte, representada pela da produção de frutas, de camarão, de sal, de petróleo, do cimento e de outras atividades, como legado para os dias vindouros, quem sabe, para novamente melhor puder servir à sociedade de Mossoró e dos municípios de seu entorno, com Mossoró sempre bem viva dentro de mim !

Houve dificuldades ! Houve contratempo!

Por fim agradeço a todos que durante esse longos anos aqui trabalharam – advogados, prepostos e a todo o corpo funcional da Justiça do Trabalho em Mossoró, não por terem convivido com algumas de minhas qualidades, mas, sobretudo, pela tolerância com os meus defeitos.

Encerro esses palavras para dizer ter sido um privilégio ter podido servir ao povo e a população de uma cidade de destino cosmopolita, já com ar de metrópole, que surgiu a partir da fazenda de Santa Luzia do rio Mossoró.

Mas tenho que me curvar ao que o tempo revelou, o de que a minha permanência em Mossoró perdurou até o dia em que foi permitido, não podendo violar e nem afrontar A FORÇA DE UM CAPRICHO DO TEMPO E DO DESTINO....


 ( * ) Por José Dario de Aguiar Filho - Juiz Federal do Tribunal Regional do Trabalho de 21ª Região (TRT-RN).

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