ARTIGO.

NÃO SE PODE ESCONDER O SOL.
Paulo Tarcísio - jornalista
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O sol do momento é o sol da insatisfação social. Não adianta tentar escondê-lo com a peneira da empulhação, mesmo que acionada pelos mais eficientes e caros marqueteiros.

A hora é de ouvir (e respeitar) o clamor das ruas. A insatisfação - pelo que ouço e vejo – não é de hoje e também não se alicerça, apenas, na questão da majoração das passagens dos coletivos.

O povão – é verdade – estava calado. Talvez, por isso, sua indignação, tendo explodido de uma hora pra outra, surpreenda alguns, especialmente os governantes:

– Mas, como? Não estava todo mundo satisfeito? As pesquisas não indicavam satisfação plena?
Já vi esse filme.

Ainda no tempo do regime militar, o dr. Ulysses Guimarães não se cansava de advertir os comandantes de então, que se achavam intérpretes da vontade do povo:

– Escutem o silêncio rouco das ruas.

No passado, os detentores do poder preferiam não perceber a “rouquidão” do silêncio das ruas. Como consequência, o Brasil - e nós todos - tivemos que pagar um elevadíssimo preço por isso.

A história não pode se repetir. Urge o restabelecimento de um clima de diálogo e de confluência entre contrários. A prevalência da teoria do “quanto pior melhor” será um desastre de consequências imprevisíveis notadamente para a população menos favorecida.

Cabe pois, ao Governo, nos seus diversos níveis, a responsabilidade de dar uma espécie de “freio de arrumação” para voltar a assumir o controle do país. Identificar e reconhecer os seus erros (inclusive o de se julgar dono e senhor da verdade), corrigir suas falhas e equívocos e partir para a busca das urgentes providências proclamadas no agora barulhento clamor das ruas.

No mais, manifestação social não é uma coisa só brasileira. É do mundo todo. O povo elege e está aprendendo a exigir. Agora, até, com uma certa impaciência, com uma certa pressa, como se quisesse, de uma hora para outra, recuperar o tempo perdido. Convenhamos: O tempo perdido não é pequeno, como demonstram, para citar só um exemplo, as filas quase quilométricas nos corredores dos principais hospitais públicos do país.

O que não dá mais é imaginar que a insatisfação de parcelas da população pode ser neutralizada por cartadas de marketing. E, também, querer esconder o sol da realidade do dia-a-dia do com uma peneira.

Por fim: Vamos cruzar os dedos e torcer pelo Brasil.

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