CANDIDATO DO DEM A PREFEITO DE PORTALEGRE, RN, PERDE EMBATE JUDICIAL COM A JORNALISTA BERNADETE CAVALCANTE.
O
candidato do DEM a prefeito do município de Portalegre, RN, José Augusto de
Freitas Rêgo, que ajuizou ação contra a jornalista Bernadete Cavalcante, teve
veredito do Juiz Eleitoral daquela Comarca, contrário à pretensão.
A
tentativa de José Augusto, via Judiciário, entre outros pedidos, era proibir
que a jornalista Bernadete Cavalcante continue fazendo críticas à sua campanha,
principalmente em seu blog (www.ditobendito.blogspot.com).
Como
ela mesma escreveu:
“em 1996 e 2000, esse blog não
existia e José Augusto perdeu.
Mais da metade do eleitorado
portalegrense rejeitou, em 1996, o candidato a prefeito José Augusto de Freitas
Rêgo, esse mesmo de hoje, o qual naquele momento acreditou, amparado no que
acredita os políticos oligárquicos, que tinha a sua eleição como “favas
contadas”.
Se vestindo de “o novo sucessor”
da família Rêgo, em Portalegre, nunca tentou criar no município uma base
própria, sua crença em se tornar
prefeito se alicerçava na herança de votos,
oriundos de mandatos sucessivos que a sua família detinha, e que já chegavam a quase três décadas. E foi exatamente a confiança exagerada, a
falta de humildade, o comportamento impopular que o transformou no candidato
rejeitado na família e fora dela.
O jovem empresário emergente daquele
ano, cuja fortuna construía com obras oriundas do setor público, é o mesmo que
discursa hoje e conta, subestimando a inteligência da maioria da população e
negando a história, que o seu dinheiro vem do setor privado, quando na verdade
a sua empresa de engenharia está, como sempre esteve, na sua maior parte, ou
talvez na sua totalidade, atrelada à execução de obras públicas. Portanto, dizer que ganha dinheiro privado é a outra
parte do discurso incoerente apregoado em praça pública.
Mesmo sem que eu, como
jornalista, tivesse tecido qualquer comentário sobre a conduta política desse
cidadão, ele já recebia dos seus parentes, dos seus tios legítimos um certificado de DESqualificação para
gerenciar os destinos de Portalegre.
Foram eles que decretaram essa
sentença, que até então não foi revogada, visto as sucessivas derrotas que já sofreu, na sua
incansável corrida rumo à Prefeitura local. Todavia é a mim, enquanto
jornalista, que ele atribui a “culpa” de tentar manchar a sua imagem enquanto
candidato a prefeito de Portalegre, em 2012.
Foi, sobretudo, por medo de que a
população refletisse e se conscientizasse que o seu discurso “ficha limpa” era
incompatível com o seu passado de empresário e construtor de obras públicas,
que ele buscou, na Justiça, que fosse retirado desse blog as matérias que
trazem à tona o quanto ele está envolvido no desvio do dinheiro do povo, no
caso do hospital de Portalegre.
Para se mostrar ileso, sobre o
que diz o jornal, com relação a sua participação na transformação do nosso
hospital em um elefante branco, por desvio do dinheiro destinado para sua
construção, o candidato José Augusto alegou na inicial da representação contra
mim, que jamais respondeu a qualquer processo sobre essa obra, ou do
desvio desses e de outros recursos públicos. E que, por isso, eu não poderia publicar tal matéria, e assim
me atribuía à culpabilidade por crimes de injúria, calúnia e difamação.
Mas, a Justiça entendeu que o
candidato estava equivocado, e negou o seu pedido, com a seguinte avaliação que
setenciou no último dia 28:
“... Convenço-me,
assim, que as matérias veiculadas no sítio http://ditobendito.blogspot.com
discorrendo acerca da vida pública do candidato José Augusto de Freitas Rêgo,
destacando condução das atividades de governo local (construção de hospital
etc), consubstanciam típico discurso de oposição, não se enquadrando, portanto,
nas normas proibitivas acerca da matéria e que ensejam suspensão da publicação
das mesmas.
Enalteça-se,
outrossim, que ainda que o candidato supracitado não tenha sido condenado em
qualquer instância judiciária, segundo informações autorais, não o exime de
sofrer críticas tanto do eleitorado como da imprensa, pois não existe
"foro privilegiado" neste sentido, ou seja, de que a políticos só
podem ser feitas críticas ou manifestações de pensamentos em relação a agentes
políticos que não sofreram condenações cíveis ou penais."
O candidato que se sentia, ou se
sente, o representante familiar na
continuidade da oligarquia, mas que virou o
causador do seu fim, que acreditava até que seria um fenômeno de votos,
se tornou na realidade política portalegrense o responsável pela derrota e a
perda do poder político municipal, da sua família, depois de 24 anos de
liderança incontestável de votos.
Na verdade se tornou mesmo um
fenômeno do descrédito, tatuado na face pelos próprios líderes do seu partido,
seus tios, como um candidato impróprio para Portalegre, portanto não
recomendável ao nosso eleitor.
Quatro anos depois, a tragédia
política de 1996, vivida pelo candidato
José Augusto, se repetiu e com ele mesmo protagonizando o enredo. A diferença é
que a eleição de 2000 trouxe como agravante um crescimento
considerável de votos a favor dos que lhe faziam oposição.
Remonto essa história para também
lembrar que naquele ano, nem o blog Dito Bendito existia, nem eu, como
jornalista, ou mesmo eleitora, participei
da campanha do candidato que ele, na sua representação, me acusa de ser aliada; Neto da EMATER, seu
parente e seu algoz.
Outro detalhe é que seus tios, os
mesmos que lhe tatuaram o descrédito, estavam como ele, em 2000, tentando
desfazer o que tinham feito em 1996, na convenção do PFL, quando anunciaram que
José Augusto havia vencido àquela
convenção mas não PRESTAVA para ser prefeito de Portalegre. Uma tentativa em
vão.
E
esse fato é apenas um argumento, nesse escrito, para substanciar que o
fracasso eleitoral de José Augusto, rumo à cadeira de prefeito, não tem como ser ameaçado por esse espaço,
pelas pequenas notas que redijo a seu respeito, tampouco pelo meu trabalho,
cuja atitude reacionária e ditatorial do candidato tentou inibir e calar,
através da Justiça.
Nem o mais pessimista dos aliados
de José Augusto contava com a sua derrota em 1996, tampouco em 2000, ante a rica campanha que ele fazia e o
histórico político familiar que tinha. No entanto, independente da “mega” estrutura
que marca as suas candidaturas, desde então já havia, da parte do
candidato, o discurso da incoerência e
das falácias políticas, caracterísitcas que até parecem inerentes dele.
Mas, igualmente ao Governador do
Estado, em 1996, José Augusto já sabia que o nome que tinha carisma político em
Portalegre, não era o seu. Era de um
vereador do seu partido, o PFL, que
aparecia na pesquisa encomendada pelo governo do Estado, também do PFL, e se
chamava Neto da EMATER.
Naquela amostra, que tive o privilégio de ler porque trabalhava no Palácio do Governo, à
época, o candidato do DEM, já tinha da população um alto índice de
rejeição e o vereador Neto da EMATER, o
tal líder da pesquisa, que dominava em preferência do eleitorado e registrava zero de rejeição, era para mim,
como jornalista e como portalegrense, um desconhecido.
Somente a partir de 2001,
passei a viver mais de perto a vida
política do meu município, opinando e contribuindo através da minha profissão, atendendo a um convite de
trabalho que não veio por voto, nem partidarismo, pois não fui eleitora do
município naquele ano. Levei, a partir
da realidade administrativa que construía uma nova Portalegre, com a
responsabilidade profissional e o
conhecimento na imprensa potiguar, a minha terra para fora dela, para o Rio Grande do Norte conhecer, através da
mídia.
Nunca perdi, mesmo como aliada, a
minha capacidade de criticar, de ser contrária
só porque era conveniente ser favorável e omissa, ou por interesse de
ganhos financeiros. Também não precisei ser subserviente a uma administração
que confiava no meu trabalho, por necessidade de garantir um simples salário, aliás, bem aquém da minha
capacidade profissional.
Hoje assisto, reconhecida, a
Justiça ser feita. Percebo que temos representantes da lei pautados na
Constituição pós-ditadura, diferentemente de candidatos, como José Augusto, que
fazem política enraizados no que existe de mais atrasado no processo de crescimento
desse país: a mordaça, o autoritarismo, a tentativa de vitória a qualquer
preço.
Assisto, e não posso me calar,
agentes políticos numa luta incessante pelo poder municipal, quando,
independente disso, como empresários beneficiados por altos valores no
pagamento da execução de obras públicas, não investem um centavo que seja em
qualquer projeto social para o nosso município.
É essa a diferença que me faz
optar, pois não sou verde, nem vermelha,
nem azul numa eleição. Aliás, se a minha
escolha política se pautasse numa tonalidade, certamente eu seria vermelha, por
ser a minha cor favorita.
Mas o meu voto, a minha
defesa se molda no tom dado ao discurso,
e não é o tom de voz, é o tom da proposta, do serviço prestado, do compromisso
com o coletivo.
Escuto, indignada, o candidato
que tentou silenciar a mim, enquanto jornalista, dizer que quer ser prefeito
para ajudar Portalegre, um discurso no mínimo risível, pois sabemos que existem
formas, as mais diversas, de ajudar uma cidade e o seu povo, sem precisar estar
num cargo público, principalmente quando se é um empresário bem sucedido.
Para ajudar basta querer, o nosso
padre Dário Tórboli, por exemplo, nunca precisou se eleger a nada, para ensinar
ao homem do campo o melhor caminho, a valorização do seu trabalho e a se curar
de um câncer chamado “atravessador” que
corroía a produção de castanha em Portalegre. Portanto ,
o discurso desse discípulo de ditador, desse político que quer controlar
palavras e esconder fatos, é o que podemos chamar de inconsistente.
Quando, do episódio da retirada
dos ônibus do programa Caminho da Escola, que servia ilegalmente aos estudantes
universitários, técnicos e privados, enquanto as crianças para quem eles
verdadeiramente se destinavam, não tinham o direito de usá-lo, esse cidadão
soube discursar contra a retirada, mas não soube nem mesmo se expressar, nem
ser coerente com a função que
desempenhava, defiscal da lei, se refugiou na letra de uma música, dizendo: é
ilegal, mas não é imoral, para justificar a sua opinião equivocada.
Contudo, em nenhum dia, saiu da
sua teoria de “eu quero ajudar
Portalegre”, para a prática ajudar aos
estudantes que ele considerava tão injustiçados, inclusive aos que defendem a
sua candidatura, com um litro de gasolina que fosse para que eles se
deslocassem até Pau dos Ferros.
Portanto, com a mesma coragem que
escrevi as postagens anteriores e posteriores ao dia em que soube do ingresso
da representação movida contra mim, por esse candidato, mesmo antes de saber
que decisão a Justiça tomaria, eu
continuei escrevendo e criticando, e
quero dizer vou continuar pautando esse
blog sobre Portalegre e as pessoas de
lá, sobretudo as públicas. Vou argumentar com cada um que deseje travar uma
discussão, mas vou manter os anônimos e medrosos no lugar que lhes é adequado;
o anonimato.
Porque é isso que gosto de fazer,
é isso que a minha profissão me permite, e é esse o direito que a Constituição
me concede. A “blogueira” aqui vai ser jornalista de Portalegre, até quando for
da sua vontade, querendo o DEM ou não.
Mas, mantenho a minha palavra
escrita anteriormente, e vou até reafirma-la; certamente que o agente público
José Augusto de Freitas Rêgo não será
notícia no Dito Bendito por muito tempo, logo que ele deixe de ser um
detentor de mandato eletivo, deixará de ser interesse desse blog. E isso não
demora muito, primeiro de janeiro daqui a pouco chega. Certamente ele não perderá o seu lugar de
protagonista no capítulo folclórico e patético
da história política portalegrense, que pretendo escrever.
E por fim diria que; melhor que
atribuir a esse blog e a um trabalho jornalístico um possível prejuízo eleitoral, o vereador e
atual candidato do DEM poderia aprender
com a grande aula de democracia e liberdade de opinião, contida na sentença
emitida pelo juiz Cornélio Alves, em concordância com o Promotor, na
representação que ele moveu contra mim.
E com a lição deixada, pela Justiça, transformar-se politicamente, sobretudo em
um candidato menos prepotente. Quem sabe assim ele não muda a sua história de fracasso eleitoral em
Portalegre, na sua próxima tentativa de chegar à Prefeitura.
Digo próxima porque, na atual
eleição, pelo que está posto, nem vencendo no Tribunal o processo que move
contra a candidatura de Neto de EMATER,
ele tem grande chance de sentar
na cadeira do Executivo.
É
necessário entender que para ser
prefeito é preciso, antes de contratar advogados para convencer uma
corte, primeiro conquistar o eleitor,
porque é ele, e só ele, com o seu voto, que decide um vencedor, num pleito
eleitoral.
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