ARTIGO DA SEMANA.


A VAIA
(Por Rubens Coelho - jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com)
 
Transcorria o ano de 1982, estertores da ditadura, o MDB, deu lugar ao PMDB, do qual fui um dos fundadores no distrito de Vila Prudente, região sudeste de São Paulo. Surgia também o PT, com forte presença de sindicalistas; da ala esquerdista da igreja católica das Comunidades Eclesiais de Base e diversas facções: trotskistas, maoistas, remanescentes de grupos da luta armada contra o regime militar, enfim, verdadeira salada ideológica.

Restabelecidas eleições diretas para governador, Franco Montoro é eleito em São Paulo, mas os prefeitos das capitais a escolha era indireta, nomeados pelos governadores. No processo, Mário Covas é indicado por Montoro para prefeitura da capital paulistana.

Nesse interin, fui nomeado para direção da Administração Regional de Vila Prudente, transformada por Erundina em subprefeitura. Era um cargo importante no organograma administrativo da prefeitura, que eu assumia por indicação do PMDB. Passando a representar à situação estadual, municipal e o partido no poder, como vice- presidente do PMDB distrital.

Pois bem, foi nessa condição que fui convidado para participar do que seria um debate sobre propostas para o desenvolvimento da cidade, especialmente da nossa região administrativa. A reunião foi num amplo salão nas dependências da Igreja Católica de Vila Alpina, subdistrito de Vila Prudente. O recinto superlotado, umas trezentas pessoas presentes. Quando adentrei ao local, logo percebi que tinha caído numa armadilha, que o público era formado de militantes petistas que faziam virulenta oposição aos governantes recém empossados.

Os oradores que me antecederam, esmeravam em críticas ácidas, porém, sem fundamento, à Administração Pública por mim representada. Tinham esquecido a ditadura que ainda subsistia, pois só cairia três anos depois.

Quando comecei a falar a vaia estrondou, me apuparam de todas as maneiras, berravam: - pelego, pelego, pelego... reacionário e outros adjetivos depreciativos. Continuei inabalável discursando em defesa da necessidade do fortalecimento dos governos de Montoro e Covas, como forma de fortalecer a luta pelo fim da ditadura.

No comando dos escarnecedores estava Adriano Diogo, que algumas vezes estivera comigo em movimentos clandestinos contra o regime militar. Ele me conhecia, sabia das minhas convicções na luta pelas liberdades democráticas, mas, mesmo assim nada fez para conter as hostilidades contra mim na ocasião. Depois veio a redemocratização, como consequência da campanha das Diretas Já, comandada pelo governo Montoro, combatido pelo PT.

Maluf era o demônio, malufismo: sinônimo justificado de truculência, corrupção e malandragem. Agora, estarrecidos vemos Lula efusivamente cumprimentando Maluf pelo seu apoio a candidatura Fernando Haddad para prefeito.

Adriano depois mostrou seu verdadeiro ideal, com a redemocratização, candidatou-se a vereador, eleito e reeleito, hoje é deputado estadual pelo PT paulista. O grande

revolucionário fez carreira, progrediu, agora vai dividir o palanque com o “demoniado” Paulo Maluf. Ao passo, que permaneço fiel aos velhos e bons princípios, graças a Deus. Enquanto a homérica e injusta vaia, não me sai da lembrança. É isso...
 

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