ARTIGO.
CONFRARIA
DO CAFEZAL – EXEMPLO DE DEMOCRACIA*
Sou mossoroense, nasci no
segundo quarto da residência de nº 731, da Rua Frei Miguelinho, no bairro dose
anos e assim, frequentei a esquina
de “Joaquim Aires” e a calçada de “João de seu Né”, lá se dialogava sobre tudo: política, futebol,
direito, jornalismo, teatro, família, polícia, problemas culturais, novela,
economia, etc.
Ali sentavam homens de todas as
profissões: comerciantes, médicos, maçons, advogados, funcionários públicos,
torneiros, motoristas, cantores, professores, jornalistas, narradores de
futebol, apresentadores de programas radiofônicos, políticos, enfim,
representação de todas as classes.
Aprendi muito com as conversas
que ouvi naqueles locais. Foram anos de aprendizado. Como disse; ali se
conversava sobre tudo.
Descobri naquelas conversas, o
que é o verdadeiro sentido da palavra democracia, onde cada um tinha o direito
de opinar, não era importante o seu grau de intelectualidade, condição
financeira, cor, credo religioso, posição política ou na sociedade, bastava
sentar e conversar, não havia discriminação, todos eram iguais. Presenciei discussões acirradas. No entanto,
nunca presenciei falta de respeito e muito menos agressões físicas.
O tempo passou, faleceram Joaquim Aires e João de seu Né, muitos mudaram. Foi
encerrada as atividades das duas
tribunas mais democráticas que conheci e vi e vivi, onde as regras eram
definidas pelos seus componentes, sempre pautada no respeito a igualdade, nada
era escrito, apenas se estabelecia o procedimento, transformando-o em regra a
ser cumprida.
Passado o tempo, conheci uma
nova tribuna com as mesmas características das resenhas de Seu Joaquim e de
João de se Né, chamada de “confraria do
cafezal” que faz assento no restaurante do memorial da resistência em nossa cidade.
Estou revivendo a forma dos debates e conversas que presenciei lá, já
que no cafezal, sentam pessoas de
todas as áreas, com as mais variadas opiniões, os fanáticos por futebol, outros
por política, enfim a mesa é eclética, havendo uma semelhança no que vi e vivi
na rua onde nasci.
No cafezal, ninguém é mais do
que ninguém, muito embora existam opiniões contrarias sobre os mais
variados assuntos.
No cafezal, todos são iguais
e as regras instituídas são respeitadas, não há conchavos para defesa de
interesses particulares, simplesmente senta-se e sente-se o prazer do dialogo.
Leia-se: “excelentes diálogos”. Quem
não segue as regras, por si só se exclui.
Enfim, novamente na terra de
Santa Luzia, renasce uma Tribuna Democrática como a de Joaquim Aires e João de
seu Né, sendo a única onde à mesa é formada pelo simples fato dos seus
frequentadores buscarem a troca de opiniões e lições de vida, simplesmente
forma-se a Tribuna: “confraria do
cafezal”, cuja presença é facultativa
e espontânea.
Entendo que muitos passam e se
perguntam: O que eles conversam?
Simples. Estamos preservando e exercitando
o direito a cidadania pelo ato democrático de opinar de forma livre e transparente
e trocar idéias, apenas com o interesse de opinar e aprender.
Ali, Mossoró/RN, o Brasil e o
mundo é debatido sobre os mais variados ângulos, onde todos possuem o direito
de opinar na verdadeira essência da palavra, sob a visão do homem da academia e
aqueles cujo aprendizado foi recebido pela escola da vida.
Aquele que tiver duvida, não
resista, sente-se a mesa. No entanto, por prudência, receba o aviso que ali
todos são iguais. Repito: - Ninguém é
mais do que ninguém.
Viva
a liberdade! Viva a democracia! Viva o cafezal!
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