ARTIGO DA SEMANA.

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CARTA A UM AMIGO ATEU.
(Por Rubens Coelho - jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com)

Somente hoje, pela madrugada consegui concluir a leitura do seu vigoroso trabalho “Essa não! Essa sim!”.

Do ponto de vista sociológico, econômico e político, o texto é irretocável, diria até primoroso. Concordo com você em gênero, número e grau. Ideologicamente, porém, tenho algumas perguntas a fazer, ou melhor, busco respostas. Diz respeito a espiritualidade. Ora, se foi o homem que criou Deus e não o contrário como afirma Lwduig Feubach, quem então criou o homem? Eterno só o movimento. Mas de onde veio o movimento, quem o gerou?

O espírito é realmente precedente ao material, não veio do nada, mas sim da criação. Deus já existia antes do mundo, ou seja, do universo.

Quando se ler a bíblia com os olhos e a mente desprovidos de preconceitos, mas refletindo sobre suas palavras percebe-se perfeitamente a presença da dialética nas suas formulações: éticas, estéticas e moral, pontificadas pela luta de classes que não foi inventada pelos filósofos do século XVIII, nem por Marx especificamente. Elas sempre existiram. A história bíblica nos dá inúmeros exemplos dos embates dos oprimidos contra os opressores: escravos e pobres contra os poderosos. A condenação da riqueza sobre a pobreza como algo injusto: ”É mais fácil um camelo passar no fundo de agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Cristo foi um revolucionário que pregava a igualdade, combateu o Império Romano e os prepostos que oprimiam o povo judeu subjugado. E, não o fazia de maneira contemplativa, atuava efetivamente, enfrentava os inimigos poderosos, não foi por acaso ter sido morto e crucificado.

A trajetória do cristianismo primitivo, os episódios de enfrentamento dos cristãos contra as classes dominantes da época são cheios de exemplos, Estevão queimado vivo em praça pública para amedrontar o povo, para adverti-lo de não seguir o discípulo de Jesus. O apóstolo Paulo, o evangelizador originário do poder romano, foi centurião, dedicou-se a evangelização, fazendo-o do Oriente ao Ocidente. Não se sabe ao certo, mas alguns historiadores afirmam que ele morreu degolado em Roma.

São incontáveis os heróis e mártires na história do cristianismo, impossível agora enumerá-los todos. Porém, reafirmo, eles sofreram e morreram não somente por defender a causa espiritual, mas, principalmente porque colocavam em risco o poder da classe dominante da época. Não podia deixar de citar o pastor Martin Luther King, que pertenceu à denominação batista da qual faço parte, que morreu em defesa dos direitos humanos e sociais dos negros americanos.

Não confundir a espiritualidade cristã, com denominações religiosas como o catolicismo responsável pelos bárbaros crimes da inquisição no passado e da pedofilia no presente. Ou de determinadas correntes ditas evangélicas que transformaram a fé num próspero negócio.
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