ARTIGO

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EMBALAGEM CHARMOSA, MAS SEM RECHEIO
(Por Franklin Jorge)

Há evidente exagero atribuir a Leide Câmara o status de escritora ou crítica musical. Pela sua obra, percebe-se claramente uma deficiência técnica em termos de conhecimentos específicos, ou seja, de conhecimento relacionado à técnica e à cultura musical. No entanto, tem a sua importância como pesquisadora do temática, da qual tem sido uma notável coletora de informações que ficam desde já à espera de especialistas habilitados a produzir a obra que ela mesma, certamente, gostaria de engendrar para a grandeza da nossa musicografia. Antes dela, só tivemos aqui o Gumercindo Saraiva, que recolheu muita coisa que publicou atabalhoadamente, num estilo precário e pedregoso; por último, nesse meio tempo, surgiu Cláudio Galvão, que terá se beneficiado do vasto conhecimento e suponho que também dos arquivos de Oswaldo de Souza, autor duma importante pesquisa sobre as canções dos barqueiros do Rio São Francisco, publicada em dois volumes. Grande compositor do nosso modernismo musical, Oswaldo morreu sem concluir a sua obra mais importante, a Modinha potiguar, obra de uma vida inteira sobre a qual falava com entusiasmo, cujos manuscritos desapareceram com a sua morte.

“A bossa nova de Hianto de Almeida’’ é sem dúvida um belo livro – como artefato gráfico – e um importante trabalho de pesquisa e coleta, porém a rigor é somente isso: um catálogo bonito da discografia de um artista que tem tudo para integrar-se ao panteão da Música Popular Brasileira em um de seus melhores momentos – a bossa nova, uma das mais ricas e instigantes expressões da cultura musical autêntica, já assimilada pelo mundo civilizado.

Leide Câmara deu o primeiro passo nessa direção; agora, Hianto fica à espera de um especialista apto a situá-lo e redimensioná-lo no panorama musical brasileiro.
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