GOVERNO LULA, A SALVAÇÃO DE UMA CANDIDATURA?

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Como advogado, você é um excelente psicológo. Estou entrando na minha crise existencial política, que se reprete a cada quatro anos...rs. Escrever é uma forma de me entender. Beijão saudades...

GOVERNO LULA, A SALVAÇÃO DE UMA CANDIDATURA?
(Por Bernadete Cavalcante - Jornalista, Natal/Portalegre)

Estive desde que entrei na faculdade, e já se vão alguns anos, que diga Herbert Motta, convivendo com discursos anticomunista, anti-socialista, anti-esquerda, anti-Lula, anti- PT, anti - qualquer coisa que fosse diferente do que estava posto e mandando.

O engraçado disso tudo é que os “A N T I” daquele período são os mesmos que ainda estão ocupando alguns acentos no parlamento potiguar e se revezando no poder executivo do nosso Estado.

Vi alguns, ou muitos deles, os mesmos evidentemente, usando como legenda para elegerem-se Partidos como a ARENA, PDS, PFL, sem contar as conseqüentes trocas, quando conveniente, que muitos fizeram por outros “abrigos” políticos, passagens pelo MDB, depois PMDB, daí até o novo PSDB, retorno ao PMDB, tomaram conta do PSB, não deixaram de conhecer o PDT e até o PV foi transformado em legenda da hora e, sempre pelos mesmos protagonistas. Saiam de uma legenda para outra rasgando propostas que demonstravam defender, como uma facilidade...

Poucos foram os que sempre permaneceram na mesma sigla partidária, no entanto estar fixado na legenda, nunca quis dizer que não houvesse contradição entre o discurso e a prática política. Ser adversário nunca significou não fazer acordos, porque é assim que se faz política no país, em particular no nosso Estado. Tudo funciona como uma via de mão dupla, beneficiando sempre os eleitos, alguns apoiadores e os familiares, porque os eleitores mesmo, a grande massa manobrada, fica com muito pouco ou quase nada.

E essa análise me vem à mente ao ler um texto que chegou ao meu e-mail com o seguinte teor: “Iberê destacou a importância da parceria com o governo federal e do apoio do presidente Lula para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Vilma contou com Lula e eu vou contar com Dilma para governar o nosso Rio Grande do Norte".

Continuando... "O Rio Grande do Norte não pode ser contra Lula. Votar na candidata do DEM é votar contra Lula. É votar contra o aumento do salário mínimo, que era de 70 dólares e subiu para quase 300 dólares. É votar contra o programa Bolsa Família, que foi a forma encontrada pelo presidente Lula para ajudar os mais humildes. É votar contra o programa Luz Para Todos, que levou energia para todos os lugares do Estado.” Palavras de Iberê.

Ora, ora, ora! Sem discordar, evidentemente, de nenhum desses pontos citados sobre algumas ações desenvolvidas pelo Governo Federal, que se desdobraram em favor do Estado, me causa graça essa “rasgação de seda” toda que se faz. Só consigo interpretar isso como o discurso do oportunismo, nessa busca pela permanência na cadeira que ora ocupa. Lula, o sapo barbudo, o anticristo, o nordestino analfabeto, o comunista (que nunca foi), hoje transformado na razão maior para se votar, ou deixar de votar, num candidato a um cargo estadual.

Meu caro Herbert é isso que chamam de “política dinâmica” ou "dinâmica na Política"?

No entanto, Doutor, enquanto tento discutir com a sua sapiência essa "tese", é bom deixar claro que não tenho nada contra a candidatura de Iberê, tampouco a favor de Rosalba Ciarlini, que "esperta" nunca falou mal (pelo menos que eu tenho lido ou ouvido em qualquer meio de comunicação) do presidente Lula, mas ela nem precisava fazê-lo, não é mesmo? Porque dentro do seu DEM já tem o senador José Agripino, desempenhando eficientemente esse papel de crítico da gestão Lula.

Quero deixar claro, também, que não tenho posição contrária ou favorável com relação a Carlos Eduardo Alves, Sandro Pimentel, Simone Dutra ou quem que sejam os candidatos ao governo do RN. Mas, me entristece assistir esse jogo de cena onde o Governo Federal se transforma, para alguns, como razão primeira para que se vote a nível estadual.

E aí amigo, quando será que viveremos no Brasil a democracia como tem que ser?

Quando será que o cidadão do país escolherá livre e conscientemente, enxergando os méritos de cada um e suas propostas, os seus governantes, sem ter que se submeter a essas alianças convenientes e/ou as falsas promessas postas, ou mesmo votar iludido pela beleza do marketing político que chega a nossa casa e a nossa vida, sem convite, mostrando candidatos e propostas irreais?

O governo federal é um, o estadual é outro o municipal é outro, embora intrinsecamente ligados. Não entendo essa tese de que votar em Rosalba significa votar contra Lula, tampouco não enxergo a veracidade de que votar em Iberê é votar a favor de Lula. Afinal Lula não é candidato a nada.

Tenho a certeza que as pessoas que defendem e que criticam o governo Lula nos seus acertos e erros, todas elas já tiveram, no poder, a sua chance de, se não construir, pelo contribuir coma construção de um Estado melhor, mais desenvolvido, mais igual.

Porém, a cada quatro anos, infelizmente necessitam de novas eleições, para reafirmar “o desejo” de fazer, o que tiveram oportunidade e não fizeram como pré-requisito para eleger-se, de novo. Começamos agora, e ainda teremos três meses pela frente, a ouvir discursos, promessas, ilusões, sem que isso se constitua em garantia de realizações.

Na verdade, o povo do Rio Grande do Norte, a meu ver, não teria razões para votar em nenhum desses candidatos. Não temos assistência à saúde, se não tivermos um plano privado, transporte coletivo digno e preço justo é coisa de primeiro mundo, saneamento básico é só um sonho, Escola pública de qualidade, só as federais e nem chega para todos.

Tomamos água que nos envenena seja por nitrato, seja por coliformes, convivemos com doenças, as mais primárias possíveis, e somos “assassinados” por um simples mosquito com nome bonito; “Aedes Aegypti”. Nossas rodovias nos envergonham, são mal conservadas, mal sinalizadas, precisam ser recapeadas a cada ano, porque tudo que é feito, você sabe para que é programado para que se acabe em ano, visto que a cada temporada de chuvas, revivemos o trauma dos buracos e das vidas em risco. Nem vou falar em segurança, porque isso é coisa do outro mundo.

Mas, estamos prestes a assistir uma nova temporada teatral, com protagonistas bem ensaiados, nos apresentando a “solução necessária e definitiva” para os nossos problemas. Administrações austeras, licitações limpas, cargos comissionados distribuídos por capacidade profissional, nunca por amizade ou indicação política. Ninguém jamais poderá dizer que há favorecimento no que quer que seja, não teremos mais escândalo do leite, nem rabo de palha, nem peixe podre, nem toneladas de remédio vencidos, nem construtoras fantasmas, nem veremos elefantes brancos deixados pelo caminho. Não haverá doentes em corredores de hospitais públicos, nem falta de médicos na rede, tampouco faltarão remédios básicos.

Entrar numa delegacia de polícia, por exemplo, não nos envergonhará por parecer uma pocilga. E os impostos que pagamos jamais serão utilizados para sustentar centenas de detentos que superlotam presídios, cujo maior tarefa realizada por eles é pensar 24 horas em como fugir, além de comandar o crime lá de dentro para fora, corrompendo, inclusive, quem deveria nos defender da bandidagem.

O transporte escolar, obrigação do Estado, não precisará de remanejamento de orçamento para chegar aos estudantes da zona rural, onde vivem a uma distância de até mais de 10 quilômetros de uma escola pública “ruim”, porém a única a qual essas crianças e jovens tem como direito. Os nossos filhos sairão à noite, para uma diversão saudável, e dormiremos tranqüilos com a certeza de que eles chegarão a salvo em casa.

E eu me pergunto, amigo: Será que sou impaciente demais, que não consigo entender esse discurso que reafirma que direito a uma vida digna e administradores confiáveis é “um processo”?

Processo lento e gradativo, como conceitua os defensores da tese de que o Brasil é um país jovem.

Quantos anos mais precisaremos ter para sermos um país com respeito a sua própria Constituição?

Quantas Leis, Emendas seja lá que nome jurídico se dê, precisam ser criadas, implementadas e, especialmente, garantidas para que cheguemos a uma eleição com candidatos realmente limpos e a certeza de administrações confiáveis?

Será que sou a única que não acredita mais na mesmice que aí está?

E qual desses nomes postos para governar o Rio Grande do Norte é digno do meu voto?

Eis a questão.

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Comentários

Anônimo disse…
Minha amiga Bernadete, vc não é a única a pensar dessa forma, eu tb tenho a mesma impressão e opinião sua em relação a política estadual. Fico tendo tb as crises existenciais políticas q vc referiu a cada quatro anos. rsrs
Parabéns pela matéria.

Roberto Alencar

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