- TEM RAPARIGA AI?

O nível de compromisso, em todos os sentidos, que a "rede de prostituição musical" vem demonstrando pelas "produções" da última década, principalmente da bandas de "forró", é "zero". O Título acima, forte, é vero, deverá ser dirigido ao público do Mossoró Cidade Junina, pela maioria dos ilustres "cantores" das bandas de forró que, a peso de ouro, passarão pelo evento. Quem me dera, ao menos uma vezinha que fosse, ter o poder de direcionar a platéia para responder-lhes simplesmente jogando ovos, tomates e vaiando-os incansavelmente. No esteio desse sentimento, transcrevo abaixo, um artigo de José Teles, crítico musical do Jornal do Comércio, que além de tratar o tema com muita propriedade, desnuda-o por completo.


TEM RAPARIGA AI?

Tem rapariga aí? Se tem levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão.

Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

O secretário de cultura Ariano Suassuna foi bastante criticado, numa aula-espetáculo, no ano passado, por ter malhando uma música da banda Calipso, que ele achava (deve continuar achando, claro) de mau gosto. Vai daí que mostraram a ele algumas letras das bandas de 'forró', e Ariano exclamou: 'Eita que é pior do que eu pensava'. Do que ele, e muito mais gente jamais imaginou.

Pruma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal),
Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o
bom-gosto e relevou o primitivismo estético,. Pior, o glamur, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na platéia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção ?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

(Artigo de José Teles, crítico de música do Jornal do Comércio, escrito em, 07 de maio de 2008 -

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Comentários

Anônimo disse…
meu caro herbert,acho que você estar interpretando errado o termo rapariga usado pelos cantores de forró, pois eles sempre usam esses termos lusitanos quando se referem as moças, acho que as mesmas respondem com acenos pois conhecem o significado dessa palavra em portugal, e gostam de serem tratadas como se estivessem nesse pais da europa...ora bolas deixe as meninas se divertirem, pois elas gostam de serem chamadas assim (a grande maioria)...
Herbert Mota disse…
Marcos Batista, enfronhado irmão, uma pena que não estejamos em Portugal, uma pena! No entanto, os imbecís (cantores do "forró alternativo") sequer sabem que existe esse termo naquele lusitano país. Aliás, eu acho que a maioria deles não sabem nem que existe um país chamado Portugal. Pelo sim pelo não, prefiro não ter o dessabor de presenciar um "fila da puta" urrando em cima do palco do Mossoró Cidade Junina e perguntando: "tem rapariga ai? vai ser demas para o meu estômago.
Lula Moreno disse…
Pelo amor de Deus Marcos Batista, Vc tem filha? Gostaria que alguém a chamasse de rapariga? Esse termo aqui no Brasil soa de forma pejorativa. Esses idiotas do "forró" atual são capazes de acharem que Portugal é um Sr que descobriu o Brasil.

Eles são escravos da mídia bestial.
Anônimo disse…
Pior ainda:
Se fosse apenas na esfera do forro q isso acontecesse seria otimo!
E a tal danca do creu?
Quer algo mais ridiculo do que aquilo?
Eu moro nos Estados Unidos e outro fui a uma "festa brasileira" e fiquei de "boca abrida" qdo sem mais nem menos colocaram num telao um video da tal "danca do creu".
Eu fiquei pasma com tanta esculhambacao.
Ateh hoje nao consegui entender qual foi a intencao dos organizadores daquela festa em mostrar tal coisa (digo coisa pq nao consigo achar outra palavra e nao quero usar linguagem "pobre" no blog do sr., ninguem merece neh?)em uma festa nos estados unidos.
Alguem conseguiria ai atinar com alguma sugestao? pq eu na minha santa e pobre ignorancia ja quase queimei meus miolos e ... nada!
Outra coisa:
Vcs nao acham q tb tem muita musica de axe tb bastante questionavel?
Anônimo disse…
De fato é foda , um beócio chamar de rapariga as meninas que estão prestigiando a festa, sei não, merece mesmo é porrada muito bufete nas ventas pra largar de ser besta!!!
Anônimo disse…
Me dá vontade é de colocar um ferro na brasa e quando o bixo ficar incandescente enfiar o ferro no cu do infeliz que fala uma merda dessa, onde já se viu chamar nossas meninas de raparigas, pra mim esses cabras de banda de forró é tudo viado e dão o boga pro povo todo!!!.

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