ARTIGO.



O BAIRRO DOZE ANOS ESTÁ TRISTE
Por Félix G. Neto - advogado.
 
Na manhã de hoje, caminhamos mais uma vez ao Cemitério São Sebastião para prestar a ultima homenagem a um ilustre morador do bairro doze anos: SEU EVARISTO e ali reencontramos os amigos de infância, alguns não mudaram nada, outros quase irreconheciveis, devido à ação cruel do tempo, estavam todos ali para prestar a ultima homenagem.
Outro ponto que observei naquele momento que conversamos de tudo um pouco e entendo que na busca de não demonstrar a tristeza que cada um tinha dentro de si em razão da perda, eis que mais uma figura de valor recebe o chamamento do superior supremo, mas temos que compreender que Deus é sábio e conhece os melhores caminhos para todos nós. Quem somos nós para questioná-lo.
Ali chequei e um filme passou pela minha mente, as lembranças de quando menino veio instantaneamente. E ai, lembrei da inconfundível elegância de SEU EVARISTO ao trafegar pelas ruas do nosso bairro dose anos, principalmente pela Rua Frei Miguelinho. Passava na sua bicicleta, salvo engano, de cor vermelha, sempre vistosa e portadora de uma buzina, cujo barulho anunciava a sua passagem.
Lembrei-me do sonho da primeira bicicleta, ela teria que ter a mesma buzina de SEU EVARISTO. Nunca me esqueci daquele sonho de menino e tenho até hoje na lembrança a cena daquele homem passando elegantemente e cumprimentando a todos com o barulho da buzina de seu transporte. Era SEU EVARISTO, o amigo de meu pai e quando passava nas tardes de sábado, minha mãe, dona Ana Cabral, sentada ao nosso lado na calçada, sempre dizia, lá vai Evaristo.
Homem espirituoso e de tom firme, mas incapaz de levantar a voz, sempre falava macio e educadamente, não tenho conhecimento de alguém ter visto SEU EVARISTO com raiva. Lembrei-me que nas rodas das conversas, quando contava seus causos e piadas, sempre o fazia com tom sério, capaz de convencer a todos que a situação realmente se passou. Todos riam e ele ainda continuava na sua história com o tom sério a convencer a todos, sendo capaz de fazer os mais sérios a lançar sonoras gargalhadas (Seu Juca, meu pai, Seu Zé Henrique, João de Seu Né e tantos outros).
Companheiro das viagens semanais de SEU FÉLIX, quando voltavam de Areia Branca, após uma semana de trabalho. Meu pai descia do ônibus uma parada antes e SEU EVARISTO, descia na esquina da sua casa, tenho a certeza que como eu, seus filhos aguardavam com ansiedade o ônibus que descia pela Rua Frei Miguelinho para vê sua chegada.
Como dito antes, o nosso bairro está mais pobre, mais um dos seus ilustres moradores atendeu ao chamamento de Deus. Como ele, tantos outros já partiram, mas não podemos esquecer as suas lições de vida, quando de uma forma ou de outra nos ensinaram a respeitar, a praticar o bem, a entender e amar o próximo, a ser amigo, a ter solidariedade, a prestigiar e respeitar a família, a ter fé, a partilhar as alegrias e também os momentos difíceis, enfim, a trilhar pelo caminho do bem e o resultado de tudo isso é a história de vida de cada de nós que nascemos e fomos criados no bairro doze anos.
Tenho certeza que todos que conheceram SEU EVARISTO estão tristes e com eles o nosso bairro, eis que uma parte da nossa história seguiu com a sua ultima caminhada, resta a nós a nunca esquecê-lo.
Quero dizer a sua esposa, a seus netos e aos seus filhos, meus amigos: Augusto, Francisco, Dra. Ana e a Marta, eu já vivi esse momento e assim, acho que compreendo o que estão passando e entendo que agora a união e a fé será o caminho para conseguir conforto em razão de sua ausência daqui para frente.
Sei que estão tristes, mas tenham orgulho daquele que pautou a sua vida no trilhar de um homem de bem e a maior prova disso são vocês. Vocês tenham a mais absoluta certeza, SEU EVARISTO, era admirado e respeitado por todos nós, sentimos a sua partida e a comprovação foi visto no seu velório, todos ali presentes, tinham esse sentimento.
Enfim, poderia até seguir com várias outras considerações. Não o farei, encerrei apenas dizendo: O BAIRRO DOZE ANOS ESTÁ TRISTE COM A PARTIDA DE SEU EVARISTO.
Como diriam os cronistas, a geografia humana do bairro doze anos está mais pobre.

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