PARTIDOS DEVEM ADOTAR 'FICHA LIMPA'.
Considerado um dos maiores
avanços que a redemocratização e a moralização da vida pública no Brasil
experimentou desde a edição da Constituição Cidadã em 1.988, a adoção da
"Lei da Ficha Limpa" nas eleições deste ano pode e está sendo
comemorada, mas precisa ser ampliada.
O filtro que a norma impôs está
evitando que muitos municípios tenham que submeter ao voto nomes viciados,
comprometidos com um passado de sujeira em vários sentidos, especialmente o de
desmandos com o erário. Lastimavelmente, porém, o indeferimento de registros de
candidaturas de políticos encrencados com a justiça não impediu que se
acumulassem nos tribunais regionais eleitorais muitos processos através dos
quais os recalcitrantes insistem em tentar furar o cerco.
Esta situação lembra a
necessidade de evitar a sazonalidade que muitos vêem na norma, fazendo com que
a justiça especializada cuide dos políticos de ficha manchada nas vésperas de
escolhas de mandatários. Ela deve ser aplicada perenemente, e uma boa
informação neste sentido é a de sua aplicação também no preenchimento de cargos
de confiança em todas as instâncias do governo.
Há, portanto, uma dupla
necessidade de perenidade na aplicação da "Lei da Ficha Limpa": ela
tem que estar presente no cotidiano de todos os brasileiros, evitando a
contaminação da máquina administrativa, e impor-se como filtro antes que os
pedidos de registro de candidaturas se acumulem subitamente nas cortes
eleitorais.
Uma sugestão neste sentido é a de
acrescentar à norma exigência ainda mais abrangente. Hoje ela só impede a
candidatura dos fichas sujas a mandatos eletivos. Com partidos nas mãos,
entretanto, estes congestionam os escaninhos da justiça eleitoral ao lhes
remeter pedidos de registro de nomes inapropriados como candidatos. A solução
seria fazer com que só tivessem direito à simples filiação partidária os
políticos garantidamente de mãos limpas.
(Por
Roberto Guedes – jornalista – robertoguedes@nominuto.com)
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