ARTIGO DA SEMANA.
DESPRIVATIZAR O ESTADO
(Por
Rubens Coelho – jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com)
O
capitalismo no Brasil, tem uma característica suigeneris, é intransigente
defensor da livre iniciativa, da economia de mercado, desde que a empresa
ou o empresário não corra risco. Isto é,
tenha sempre e certeza de altos lucros. Diferentemente do que acontece em
outras partes do mundo, o jogo é feito somente para ganhar, sem nenhuma
possibilidade de derrota.
Na
primeira hipótese, repelem qualquer interferência do Estado no negócio, na
segunda, a qualquer ameaça, clamam pelo socorro das instituições oficiais. São
vários os exemplos desse comportamento dúbio do capitalismo tupiniquim. Agora
mesmo, vimos a indústria automobilística, que há décadas vem amealhando milhões
de dinheiro com reserva de mercado e pouco investimento na modernização dos
seus produtos, perdendo para a concorrência estrangeira em preço e qualidade,
se vendo ameaçada, chantageia o governo
com o fantasma do desemprego no setor, para obter vantagens, redução de IPI e outros benefícios
fiscais. Mesmo assim, uma grande montadora de São José dos Campos, a GM, tentou
fechar a fábrica de lá, o que colocaria mais de mil trabalhadores no
desemprego. Só não conseguiu seu intento, porque os operários e seu sindicato
se mobilizaram e impediram a concretização do fato.
Os
bancos privados que desde 1964, mandaram e desmandaram na República, agiotando
e espoliando os brasileiros, auferindo lucros estratosféricos, no momento em
que a presidente Dilma Roussef resolveu peitá-los, fazendo os bancos oficiais reduzirem os juros e valores das taxas dos
serviços cobrados, os banqueiros na maior cara de pau, disseram que poderiam fazer o mesmo, desde que o governo lhes concedesse incentivos
tributários. Durma-se com o barulho desses! Ainda bem que a presidente fez
ouvido de mercador, não se dobrando à chantagem. Com a concorrência favorável aos bancos oficiais, a banca privada foi
obrigada a reduzir seus juros exorbitantes.
O
caminho é esse, desprivatizar o Estado, fazê-lo funcionar dentro das suas
funções precípua de defender o cidadão, garantir-llhe liberdade, educação,
saúde, moradia, segurança, transporte, enfim,
ser o garantidor do estado de direito, com instrumentos capazes de
combater quaisquer transgressões sociais ou
econômicas existentes ou a
surgirem na coletividade. Não deixando que interesses empresariais, comerciais
ou segmentários, interfiram e regulem o Estado exclusivamente a favor de
qualquer um. Parceria é uma coisa, dominação é outra. Investimentos privados
que gerem emprego e renda para a população são sempre bem-vindos, mas sem a
superproteção e privilégios concedidos pelo poder público em detrimento da
conveniência coletiva.
Essa
é a forma de Estado agir republicanamente.
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