ARTIGO
FERNANDO BEZERRA NÃO ACEITA SER 'BOI DE PIRANHA'.
Por César Santos - jornalista e diretor do Jornal de Fato
A declaração do empresário e ex-senador Fernando Bezerra (PMDB) de
que não aceitaria enfrentar a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), numa
eventual disputa pelo cargo de governador do Rio Grande do Norte,
oferece várias leituras, com doses para todos os gostos.
Pode ser entendido como um “não” à candidatura ao governo.
Pode ser um atestado de um nome frágil, carregado de receio.
Ou pode ser, também, o recado direto aos Alves, como reação ao jogo
rasteiro que está sendo jogado nos bastidores da sucessão estadual.
No primeiro caso, Bezerra estaria reafirmando o que já havia dito no
passado recentemente, quando foi derrotado na disputa pelo Senado em
2006. Naquele momento, com a apuração das urnas concluída, ele disse que
estava encerrando a sua carreira política e que voltaria à atividade
empresarial.
Evidentemente, ao ter o nome lembrado, o ex-senador se sentiu útil, porém, sem a certeza de que é isso mesmo que ele deseja.
Na segunda hipótese, ao afirmar que não enfrentaria Wilma, estaria
escolhendo um adversário, numa atitude no mínimo hilária. Como aceitar
ser candidato e escolher o adversário? Seria bom demais. Você, leitor,
poderia decidir ser candidato e escolher um “mané” para enfrentar, com a
certeza de que sairia vencedor.
Sem esquecer, porém, que ainda precisaria de 50% mais 1 dos votos válidos.
O terceiro caso é o mais provável. Fernando Bezerra estaria
devolvendo a moeda furada que lhe entregaram como estratégia de manobra.
Ao ser lançado, de público, pelos Alves, o ex-senador estaria apenas
desviando as atenções, enquanto o deputado Henrique Alves costura nos
bastidores candidatura própria e única, através de um acordão envolvendo
todos os partidos, inclusive, o DEM, da governadora Rosalba Ciarlini,
que seria sacrificada pelo líder da legenda, senador José Agripino Maia.
Bezerra percebeu que estava sendo feito de “boi de piranha” e decidiu
reagir. Ao ocupar uma emissora de rádio de Natal, o ex-senador
retribuiu as “qualidades” que os Alves “viram” nele, afirmando que o
melhor candidato e mais preparado seria Henrique.
Pois bem.
Nesse jogo não existe menino besta. Muito menos Fernando Bezerra se
apresenta como tal. Ele já deixou claro que aceita participar do
processo, mas dentro de um ambiente de respeito, sem jogo rasteiro, nem
estratégia usando pessoas conceituadas como é o seu caso.
O fato é que a política vive um momento atípico, nunca antes visto,
onde o governo não se firma no processo sucessório, e a oposição parece
perdida.
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