ARTIGO.
HONREM O SONHO DE VINGT-UN ROSADO
(Por Caio César Muniz - poeta)
Não falarei em
nome da Fundação Vingt-un Rosado nem dos seus representantes. Não me
posicionarei sequer como funcionário que sou daquela instituição nos últimos
quatorze anos.
Me coloco como
mais um “fazedor de cultura” desta cidade e que acompanhou os últimos seis anos
de vida do editor da maior coleção de títulos publicados no Brasil e que tanto
amou Mossoró.
Falo como um
teimoso das letras e como alguém que precisa gritar para não morrer sufocado em
meio à indignação diante do descaso dos poderes constituídos para com esta
entidade que ao longo dos seus 18 anos só contribuiu para a cultura da terra de
Santa Luzia e mesmo do Rio Grande do Norte, dando seguimento a uma saga que já
alcançou mais de meio século de existência e colocou o nome de Mossoró nos
anais das mais diversas ciências através da Coleção Mossoroense.
A Coleção nasceu
do ventre da prefeitura de Mossoró, na administração do então prefeito Dix-sept
Rosado, em 1949, depois foi mantida pela Fundação Guimarães Duque, esta,
vinculada a então ESAM e a partir de 1995, passou a ser uma responsabilidade da
Fundação Vingt-un Rosado.
Vingt-un e sua
obstinação conseguiu sensibilizar políticos do seu tempo e órgãos como Sudene,
Dnocs, CnPq, Petrobras, entre outros, mas em 2005 nós perdemos o nosso
timoneiro nesta “batalha da cultura”.
Sem a presença
física de Vingt-un a luta ficou mais árdua e vive hoje os seus piores momentos
diante da apatia de quem deveria se preocupar com a continuidade desta
patrimônio cultural do Brasil, mas que, infelizmente, está dando de ombros para
esta causa.
São mais de 4.500
títulos publicados, mais de 2.000 autores lançados, dentre eles, nomes como
Dorian Jorge Freire e Raimundo Soares de Brito, é a maior bibliografia sobre
secas do país, reconhecida até internacionalmente.
Não acredito que
a classe política do Rio Grande do Norte fechará seus olhos para a Coleção
Mossoroense.
Não acredito que
Mossoró deixará que se feche as portas de uma das suas mais importantes
entidades culturais, responsável pela publicação de mais de 90% dos seus
autores.
Não acredito na
versão de falta de recursos, quando se pede tão pouco diante de alguns gastos
que percebemos gastos tão desnecessários.
Se UMA banda de
forró do tão propalado Mossoró Cidade Junina deixar de tocar e o seu cachê for
revertido para a Fundação Vingt-un Rosado, esta trabalhará um ano inteiro.
É uma questão de prioridade.
Não deixem, senhoras e senhores do poder no Rio
Grande do Norte (principalmente de Mossoró) que seja sepultado o sonho do homem
que mais amou este chão.
Honrem a memória de Vingt-un Rosado, olhem pra
Coleção Mossoroense, ela não tem dono, ela é um patrimônio de todos nós.
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