MUTIRÃO CARCERÁRIO NO RN: SITUAÇÃO É DE ABANDONO.
Ao
inspecionar as cinco primeiras unidades prisionais no Estado, a equipe
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que coordena o segundo Mutirão
Carcerário do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, encontrou um
quadro de “verdadeiro abandono”, na avaliação do juiz Esmar Custódio
Vêncio Filho (foto), designado pelo Conselho para coordenar os trabalhos do
mutirão.
O magistrado se refere a problemas como superlotação, más
condições de higiene, atendimento médico deficiente e outras violações
aos direitos dos detentos.
As inspeções, iniciadas nesta segunda-feira
(8), têm o objetivo de avaliar as condições de encarceramento e as ações
de reinserção social dos presos.
Na terça-feira (9), a primeira unidade inspecionada foi o superlotado Centro de
Detenção Provisória (CDP) da zona norte de Natal, que abriga 111
internos, embora sua capacidade seja para 80. Além da superlotação,
outro problema encontrado no local é a presença de detentos condenados,
que dividem espaço com presos provisórios.
A falta de espaço obriga muitos detentos a dormirem no chão, informou o
magistrado, que alertou para o fato de, no Rio Grande do Norte, haver
um processo de fechamento de vagas no sistema carcerário, quando a
necessidade é de ampliação. “Além de não abrirem vagas, as autoridades
estão fechando. Há unidades prisionais que foram interditadas, e não
houve reformas nem construção de outras”, criticou o juiz, que pertence
ao TJ do Tocantins.
Esmar Custódio Filho considera que não houve qualquer melhoria no
sistema carcerário do Rio Grande do Norte desde o mutirão anterior,
realizado pelo CNJ em 2010, embora, na ocasião, o Conselho tenha
apresentado ao Poder Executivo local uma série de recomendações para a
melhoria das condições.
Choque
O que mais chamou a atenção da equipe do Mutirão, no entanto, é a
situação de um dos detentos do CDP da Zona Norte. Segundo o juiz
coordenador do Mutirão, o interno está cego, é muito magro, não consegue
andar, sente dores no corpo inteiro e, mesmo assim, não recebe qualquer
tipo de atendimento médico. “Ele vive em uma cela fétida, mal iluminada
e abafada. Foi o que mais me chocou nessa unidade”, relatou o juiz
Esmar Custódio, destacando que a situação se configura em grave violação
aos direitos humanos.
Na segunda-feira, a equipe do Mutirão Carcerário inspecionou três
unidades do Complexo Penal João Chaves, na Zona Norte de Natal, e também
a Cadeia Pública de Natal.
No Complexo Penal, o quadro encontrado é de
superlotação, falta de área apropriada para o banho de sol, celas mal
ventiladas e a presença de esgoto a céu aberto, dentro e fora da
unidade.
A população vizinha sofre com o mau cheiro que vem das calçadas
do complexo penal. Em uma avaliação inicial, o juiz Esmar considerou
que a unidade está entre as piores do país. Na Cadeia Pública de Natal, a
equipe do Mutirão Carcerário deparou-se com as mesmas mazelas
verificadas em outras prisões.
tjrn
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