EMPRESA BAIANA HOMENAGEIA LAMPIÃO EM GAME TIPICAMENTE NORDESTINO.
Foi-se o tempo em que os joguinhos eletrônicos eram terrenos
exclusivos de guerreiros medievais, robôs intergaláticos e outros
personagens bem distantes da realidade de carne e osso. Sem negar suas
origens, a empresa baiana de tecnologia Soterotech decidiu levar figuras
típicas do hiperrealista sertão nordestino ao mundo dos bits. Um
cangaceiro, um calango e um carcará dão o tom do jogo “Cangaceiro de
Badogue”, apresentado neste sábado (16) e domingo (17) durante o
Gamepólitan, evento que transformou o Centro de Convenções da Bahia em
um verdadeiro parque de diversões digitais.
Fotos: Carol Prado / Bahia Notícias
O game narra a história de Lino, um destemido personagem
inspirado no histórico Lampião, que, depois de ver sua amada raptada por
um maléfico carcará, luta contra todos os obstáculos para recuperá-la,
sempre acompanhado de seu poderoso badogue. “A ideia surgiu em 2009,
antes mesmo do nascimento da empresa, em um grupo de jogadores. Hoje,
todos os produtos que a gente desenvolve têm traços dessa cultura
regional, que é muito rica e pouco explorada”, explicou Diego de
Potapczuk, um dos diretores da Soterotech. Segundo ele, o software
desenvolvido para tablets e smartphones ainda está em fase de testes e
deve chegar ao mercado no segundo semestre deste ano, quando poderá ser
baixado, no mundo todo, através da Apple Store e Google Play, lojas de
aplicativos da Apple e Android, respectivamente. “Queremos fazer um
lançamento global e levar a cultura nordestina pro mundo inteiro através
do game”, almejou, em entrevista ao Bahia Notícias. As expectativas da
empresa são boas, principalmente depois do sucesso de Lino no Centro de
Convenções. O administrador de empresas, Vítor Carneiro, por exemplo,
acompanhava o filho gamer e não tirava os olhos das aventuras do
cangaceiro. “Isso é ótimo para tirar um pouco a criançada da linha de
jogos japoneses e reforçar nossa cultura regional”, opinou.
Com seu Cangaceiro de Badogue, a Soterotech representa apenas
uma das várias experiências do promissor mercado baiano da criação
gráfica. De acordo com Ricardo Silva, organizador do Gamepólitan, é
notável o crescimento do número de desenvolvedores independentes de
jogos no estado. “Ainda temos pouquíssimas empresas de tecnologia
consolidadas, mas os criadores estão se empenhando na criação de grupos
independentes para colocar em prática seus projetos.
O governo também
tem dado um apoio muito grande a esse mercado, até para possibilitar a
exportação dos jogos brasileiros para o mundo todo através de meios
online”, afirmou. Muitos dos profissionais do entretenimento digital
estão na Saga, única escola de artes, jogos e animação da Bahia, que
recebe, em média, 1,5 mil alunos interessados em ingressar no setor por
ano. “O mercado está crescendo, de fato, e a tendência é melhorar cada
vez mais. A própria realização de eventos como o Gamepólitan já ajuda
bastante porque promove o encontro dos desenvolvedores e possibilita a
parceria com empresas”, elogiou Oswaldo Peixoto, gerente geral da
empresa. Por tudo isso, pequenos empreendedores em potencial, como João
Pedro Bittencourt, só têm o que comemorar. O menino de 11 anos passa
cerca de três horas por dia em frente ao PC, mas com uma boa desculpa
para livrar-se da bronca dos pais: “Quero jogar bastante para me tornar
um criador de jogos no futuro”, esquivou-se.
fonte:bahianoticias.com.br
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