ARTIGO DA SEMANA.
INSUPORTÁVEL MANIQUEÍSMO
Por
Rubens Coelho – jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com
Com os desfechos do julgamento da
Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal, as decisões condenatórias da
Corte, têm sido debatidas de maneira passional, os petistas e afins, acusam o
STF de injusto, de não ser isento no julgamento, de fazê-lo politicamente,
condenando os réus sem provas, apenas por serem do PT, correligionários,
ex-dirigentes do partido e credenciados auxiliares do primeiro governo de Lula,
que na verdade, seria ele indiretamente o alvo a ser atingido com o processo
condenatório. Então de réus, especialmente José Dirceu, José Genoino, Delubio
Soares e João Paulo Cunha, são vítimas de um “imenso complô da elite
reacionária”, insatisfeita com ascensão lulista-petista. Essa tese
conspiratória, nega peremptoriamente a existência do chamado “mensalão”,
denunciado por Roberto Jefferson.
Nesse imbróglio aparecem o vilão
e o mocinho. O Ministro Relator, Joaquim Barbosa, antes exaltado como herói por ter se confrontado com o
colega Gilmar Mendes, tido como um contumaz direitista, agora é execrado de todas as maneiras, os heróis
são outros: Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, cujas atuações no processo tem
sido mais pro réus.
No outro lado da linha, está toda
gama de anti lulista, anti petista, a direita organizada ou não, encabeçada pela oposição agregada no PSDB,
DEM e assemelhados. Para essa banda, o “mensalão” incontestavelmente existiu
não lhe interessa as provas, bastam às evidências. E os envolvidos, todos sem
exceção, deveriam arder no fogo do inferno pela falta de fogueira da inquisição
como na Idade Média, aonde “os mensaleiros” condenados deveriam ser queimados
vivos. Felizmente os atuais carrascos não podem usar de tais punições.
Esses tardios pregadores da moral
e da ética esquecem a era FHC da qual eram destacados protagonistas do
acobertamento dos escândalos denunciados na época e nunca apurados, como o do
contrato do Silvan, e, outros tantos. Quem não se lembra do Geraldo Brindeiro,
o famoso Procurador Geral da República, alcunhado de Engavetador Geral da
República, pela prática de engavetar qualquer processo acusatório contra o
presidente e governantes tucanos.
É preciso também lembrar o
mensalão do PSDB mineiro com as mesmas
características do que está sendo julgado no Supremo. Vamos ver no que dá.
Deveria se aproveitar a ocasião
para se discutir a arcaica e tendenciosa escolha de ministros para os tribunais
superiores da República: (STF),(STJ), e (TST),com seus membros nomeados pelo
Presidente da República, depois de passarem por uma faz de conta sabatina no
Senado Federal, com os indicados sempre incondicionalmente aprovados num jogo
de cartas marcadas.
Por que em vez desse maniqueísmo
no processo do “mensalão”, não se discute mudanças na forma de escolha de
ministros dos tribunais superiores? Fazendo cessar a forte influência política
em tais escolhas? Não seria mais positivo para os brasileiros? Em vez da árvore
enxergar-se-ia a floresta. Com a palavra
a OAB, as associações de juízes,
promotores e da sociedade organizada.
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