'POBRE' RIO GRANDE DO NORTE.
Conselho Federal de Medicina pedirá intervenção federal na Saúde do RN.
A governadora do RN, Rosalba Ciarlini (foto), será denunciada à Organização dos Estados
Americanos (OEA) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional
dos Médicos (Fenam).
Em vistoria ao Hospital Walfredo Gurgel no
dia de ontem (18), os conselheiros José Murisset e Aloísio Tibiriçá
identificaram problemas que, segundo eles, ferem os princípios da ética e da
dignidade humana e irão encaminhar um relatório ao Ministério da Saúde.
Durante 90 minutos, representantes do
Governo do Estado, do Sindicato dos Médicos, diretores de hospitais estaduais e
os membros do Conselho e da Federação discutiram a situação dos serviços de
Saúde no estado. A reunião foi marcada pela elevação do tom de voz entre os
participantes e por um princípio de choro da governadora Rosalba Ciarlini.
A governadora iniciou a discussão
relatando dificuldades financeiras enfrentadas pelo Governo para investir na
melhoria da infraestrutura da Saúde pública estadual e confirmou que, para 2013 a previsão orçamentária
para a pasta é de R$ 1,2 bilhão. Rosalba comentou, ainda, que o Estado somente
recebeu em torno de R$ 230 milhões em 2011 via Fundo Nacional da Saúde.
Entretanto, o vice-presidente do Conselho
Federal de Medicina, Aloísio Tibiriçá, rebateu a informação alegando que o
DataSUS (sistema do Governo Federal com informações sobre o valor dos repasses
da União para os estados) informava que R$ 800 milhões haviam sido encaminhados
ao RN no ano passado para serem investidos na Saúde. Rosalba Ciarlini recuou e
partiu para o discurso do pedido de ajuda e colaboração dos membros dos órgãos
federais. As críticas à gestão da Saúde Estadual, porém, não cessaram.
Aloísio Tibiriçá relatou aos presentes na
reunião que as condições de trabalho no Walfredo Gurgel ferem o princípio da
ética. O secretário chefe do Gabinete Civil Estadual, José Anselmo de Carvalho
retrucou afirmando que o conceito de ética é muito subjetivo. Aloísio, por sua
vez, rebateu a crítica do secretário resumindo que a situação do hospital fere
os princípios da dignidade humana.
Rosalba Ciarlini interrompeu a discussão e
questinou Aloísio: "Qual milagre eu
posso fazer hoje? Eu quero que você
me diga". Aloísio, de forma incisiva, respondeu que defenderia a
intervenção federal na Saúde Estadual. "Estou falando de um estado que decretou calamidade pública, governadora",
ressaltou Tibiriçá. A governadora solicitou que a situação do estado como um
todo fosse analisada antes que o pedido de intervenção federal fosse
protocolado.
Ela argumentou, ainda, que os custos com a
folha de pessoal da Saúde chega a 70% dos valores disponíveis e as horas
trabalhadas pelos médicos não correspondem às contratadas. O presidente do
Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN), Geraldo Ferreira,
teceu críticas à governadora que a emocionaram e a levaram ao seguinte
argumento: "Eu não sou irresponsável. Você não conhece minha história como
médica. Em 35 anos de medicina nunca deixei de atender um paciente",
enfatizou a governadora, que é médica pediatra.
“O que
encontramos é uma incapacidade local de resolver o problema"
Aloísio
Tibiriçá, vice-presidente do CFM
O tom da reunião, por diversos momentos,
se elevou. O controlador geral do Estado, José Marcelo Ferreira Costa,
questionou a Aloísio Tibiriçá se ele sabia o que, de fato, é uma intervenção
federal. Aloísio, por sua vez, respondeu que conhecia o processo e o que os
órgãos federais querem, na realidade, é uma có-gestão da Saúde do RN entre a
União e o Governo do Estado. "O que encontramos é uma incapacidade local
de resolver o problema", ressaltou Tibiriçá.
Em quase todas as falas, a governadora
Rosalba Ciarlini tentava convencer os membros dos órgãos federais da
não-intervenção. Ela ressaltou que todas as medidas para solução dos problemas
estão em curso e, inclusive, os convidou para visitar o estado ao final da
validade do decreto de calamidade pública na Saúde para perceberem a diferença
no atendimento. "Qual a forma da gente fazer sem intervir nos
hospitais?", questionou Rosalba.
Em resposta, o membro do Departamento de
Direitos Humanos da Federação Nacional de Medicina, José Murisset, disse que os
problemas na Saúde do RN vão além da questão das escalas médicas nos hospitais.
Em contrapartida, Rosalba Ciarlini argumentou que o problema da falta de
estrutura adequada é histórica e remete a outros governos. Simonetti foi
enfático ao afirmar que o discurso da governadora não o convencia. "Mas eu
estou trabalhando e lutando para resolver isso", reiterou Rosalba
Ciarlini.
“Nós
vamos lhe denunciar"
José Murisset,
do Departamento de Direitos Humanos do Fenam
A Murisset, ela pediu que fosse elaborado
um relatório e entregue ao Governo do Estado. Ele, porém, elevou o tom e disse:
"Nós não vamos lhe entregar nenhum relatório. Nós vamos lhe
denunciar". Mais adiante, Rosalba o questionou: "A única culpada é a governadora que vai para os tribunais responder
pelo os que estão morrendo?".
Os secretários estaduais de Planejamento,
Obery Rodrigues; de Saúde, Isaú Gerino; do Gabinete Civil, José Anselmo de
Carvalho; de Administração, Alber da Nóbrega e controlador geral do Estado,
José Marcelo Ferreira Costa rebateram todas as críticas tecidas pelos membros
dos órgãos federais de fiscalização da Saúde. Eles alegaram que o estado passa
por uma situação aguda e que todas as medidas para sanar os problemas estão em
curso.
O relatório final com as informações
colhidas pelo Conselho Federal de Medicina e pela Federação Nacional de
Medicina, será entregue ao Ministério da Saúde e à Organização dos Estados
Americanos (OEA), na próxima semana.
Fonteg1
Comentários
Pobre RN rico!!!