ARTIGO DA SEMANA.

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MINHA AMIZADE COM SEU LIBÓRIO
(Por Rubens Coelho - jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com)

Um leitor, indagou da minha amizade com o velho Libório da Picada Um. Queria saber se a tinha na dimensão que transparecia em meus artigos referentes a esse sertanejo singular. O por que dessa amizade? Sem dúvida alguma, achando inusitado existi-la nos dias de hoje, com a intensidade demonstrada por mim. Pensei logo na música de Milton Nascimento: “Amigo é para se guardar debaixo de sete capas”. Isso mesmo é para se guardar muito bem guardado, são pérolas preciosas, raras, para serem preservadas dos espíritos malignos que vivem garimpando os melhores sentimentos humanos, para destruí-los, debilitando-os para subjugá-los. Portanto, um amigo sincero é um valoroso tesouro.

Seu Libório, para mim, é uma pessoa especial, pelo seu caráter firme, irrepreensível, solidário.

Minha amizade surgiu há algum tempo quando nós dois participávamos da primeira Feira do Bode, de Mossoró, quatorze anos passados.Eu com alguns cabritinhos mirrados, e, ele com uns carneiraços dignos de se sairem bem em qualquer exposição. Nossos animais ficaram em chiqueiros vizinhos. Daí surgiu à oportunidade de uma boa prosa, nos conhecermos trocarmos ideias e experiências. Logo fiquei encantado com a seriedade e desenvoltura do meu colega de feira.

Retidão irrefutável. Na feira, como minha criação era fraquinha havia dificuldade de negócio, se não fora a interferência de seu Libório, ajudando-me mesmo prejudicando seus interesses comerciais, minha empreitada na ocasião teria redundado num total fracasso. Ele é capaz de dá a própria roupa do corpo para ajudar alguém.

Homem extremamente honesto. Certa feita, pleiteava junto ao governo, construir um açude em sua fazenda. Dá entrada na papelada, fala com um, fala com outro, finalmente é marcado o dia dos agentes da repartição irem à propriedade vistoriar o local, fazer o relatório e dar início a obra. No dia aprazado, chega o cidadão da repartição pública acompanhado de um político. Os dois chegam afáveis, conversa daqui conversa dali, finalmente dizem, seu Libório o negócio é o seguinte: a obra vai custar xis, mas como o senhor sabe, o dinheiro da viúva é para ser distribuído para aqueles que têm a oportunidade de lançar mão sobre o mesmo, o senhor sabe, né? –Não, não sei não- Homem de deus, vamos aumentar a verba além do que vai ser gasto. E, aí o restante será dividido entre nós, tudo bem arrumadinho, não se preocupe. - Num são bestas não, cabras de peia, safados, se retirem da minha casa já, seus vagabundos

- Que isso, que isso? –Que isso o quê, seus ladrões. Libório levantou-se, foi até a sala, pegou um mosquetão pendurado na parede, com bala na agulha, voltou para o alpendre onde estavam os dois corruptos, apontou a arma engatilhada para eles e disse: têm um minuto para darem no pé daqui, se não levarão chumbo nos peitos. Os cabras saíram mais ligeiros que o vento, a poeira cobriu o caminho. Essa estória ele me contou às gargalhadas. – E o senhor atiraria neles se não lhe obedecessem? – Ora, não, estava muito enfezado com a proposta imoral, que me fizeram. – E o açude foi construído? - Que nada, também não fui mais atrás.

Esse é o seu Libório, meu amigo.

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