ARTIGO DA SEMANA.

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SEU LIBÓRIO ESTRESSADO (PARTE II)
(Por Rubens Coelho – jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com)

Continuando a conversa da semana passada com seu Libório da Picada Um, não transcrita na sua integralidade pela exiguidade do espaço. Fomos andando pelo pátio, numa distância de mais ou menos uns duzentos metros de distância que separa o chiqueiro das ovelhas para a casa sede do sítio. O velho agricultor ia falando das suas agruras relacionada às desapropriações de suas terras nas ribeiras da barragem de Santa Cruz.

-Homem de Deus, aquela propriedade era importante para mim, pois nela eu colocava meu gado, minhas vaquinhas quando a pastagem escasseavam por aqui. Fiquei meio ressabiado quando recebi a notificação do governo falando da desapropriação. Mas como dizia que era para a construção da barragem, que a área ficaria inundada, fiquei matutando comigo mesmo. Não posso ficar triste somente porque vou perder uma nesga de terra, quando uma barragem irá beneficiar uma população inteira, com a riqueza da água acumulada que matará a sede do povo e servirá para irrigação para a produção de alimentos. Seria um bem coletivo. Além do mais, o dinheiro que me for dado, procurarei comprar umas terrinhas nas proximidades do açude e as aproveitarei na agricultura irrigada. Esse pensamento animou-me a não pensar em perda, mas em ganho com aquela expropriação.

-Dias depois fui ao escritório da repartição que havia me enviado a notificação saber o procedimento relativo ao caso. Lá tomei um chá de cadeira que quase desisto. Finalmente fui atendido por um cidadão engravatado com ar de doutor, imponente, apresentou-se como chefe do setor. Iniciou a conversa dizendo que lamentava pelas minhas terras serem desapropriadas, mas eram necessárias para a construção da obra. – Tudo bem doutor, já estou sabendo, gostaria apenas que o senhor me desse o valor que terei de receber e quando será efetuado o pagamento. – Nisso ele baixou a voz, quase cochichando, disse: pelo relatório, sua terras valem apenas xis, mas podemos conversar e aí aparecerão as melhorias da propriedade, então o valor da indenização poderá duplicar,triplicar, depende...-Mas a única benfeitoria que fiz na propriedade, foi cercá-la com três fieira de arame farpado, nada mais. – Certo, mas nós podemos acrescentar mais algumas, como construção de casa, de curral, de celeiro e mais umas tantas outras coisas e aí a grana aumenta. Tem mais, o pagamento poderá ser antecipado, tenho um amigo encarregado dos precatórios que poderá lhe ajudar nesse sentido. – Ah, entendi!... pois fique sabendo seu doutor, que não faço nada que não seja dentro da lei, sou um homem honrado, não aceito cambalachos nem falcatruas envolvendo meu nome. Esse negócio de pagar comissão para ser beneficiado é ladroagem e não compactuo com tal safadeza. Rapaz, o sujeito ficou vermelho que nem piru, disse tudo bem, esqueça o que falei. – Quando veio o valor a ser pago, a desvalorização das minhas terras, era enorme, e, até hoje dez anos depois, não recebi um centavo do órgão encarregado de me pagar. O canalha se vingou.

Depois de ouvir seu Libório, fiquei refletindo, como a corrupção além de trazer grandes prejuízos aos cofres públicos, ainda infelicita o cidadão de bem!...É um câncer que precisa ser extirpado.

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