ARTIGO DA SEMANA.

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NÃO SOU PROFESSOR
(Por Rubens Coelho - jornalista - rubensfcoelho@hotmail.com)
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Mas já fui durante mais de uma década. Sei o quanto é duro a vida no magistério. Entrei na área por ideal e com o entusiasmo de uma criança ao receber um presente novo e sai decepcionado como quem teve um grande amor não correspondido. Sim, foram vários os motivos da minha desilusão com o ofício. 
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Os desapontamentos foram surgindo com o tempo, até se tornarem insuportáveis e aí ter que abandonar a carreira para a qual me preparei durante longos anos numa universidade, afim de bem desempenhar minha profissão, que reputava e ainda assim considero das mais importantes e nobres entre tantas outras fundamentais para a sociedade moderna.

Infelizmente, porém, fui verificando o desprezo que os governantes dedicam a educação, especialmente a escola pública, considerado por eles não como investimento, mas como encargos, despesas para o Estado. Diante de tão esdrúxula concepção, a educação pública só tenderia a se degradar ao nível em que se encontra atualmente.

Em primeiro lugar, uma educação de qualidade, passa necessariamente por professores bem remunerados, qualificados e motivados para exercerem suas tarefas com dignidade. Depois, um projeto pedagógico para rede pública, que prepare o aluno não só para a educação formal, mas especialmente para a vida. Essa, porém, não tem sido o pensamento preponderante dos governantes, cujas altas e médias autoridades educacionais, se mostram mais preocupadas é com números estatísticos para satisfazerem a organismos internacionais, como a ONU, Banco Mundial e Banco Internamericano entre outros, onde os dados aparentemente positivos, facilitam-lhes empréstimos para a área, os quais adquiridos, normalmente não são gastos com critérios. A ponto de ser constatado aluno passar de ano, chegar até a quinta série, sem saber ler nem escrever. Isso aconteceu em São Paulo o estado mais desenvolvido do país. Passa de ano porque não é permitido aos professores reprová-lo.

E, como nos dias atuais, disciplina, é sinônimo de repressão, o professor dentro de uma sala de aula, não pode ter o mínimo de rigor quanto as normas da boa convivência entre o docente e discentes, o relacionamento entre ambos passou a ser precário, as vezes conflituoso e desrespeitoso, principalmente em relação ao professor.

Estamos falando, evidentemente do ensino básico, mas são deficiências educacionais e pedagógicas que se estendem até o ensino universitário público. Não quer dizer com isso, que a escola privada seja melhor. Pelo contrário, como a maioria absoluta visa apenas o lucro, o investimento numa verdadeira educação é mínimo. É como um bolo cheio de confeite, mas de conteúdo sem sabor.

Por esses fatores, ser professor atualmente é ser herói, como não tive essa disposição, peguei o boné. Mas estou solidário aos valentes ex-colegas que permanecem na luta até hoje.
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